Fundamentos
e Metodologias das linguagens artísticas
Resumo
A educação em artes visuais, fundamentada em
teorias construtivistas de Jean Piaget e Lev Vygotsky, transforma a prática
educativa em um processo dinâmico e significativo. Essas teorias enfatizam a
construção ativa do conhecimento por meio de experiências e interações. Piaget
(1972) destaca que o desenvolvimento cognitivo ocorre em estágios, permitindo
que os alunos tragam suas vivências para o processo criativo, enquanto Vygotsky
(1978) realça a importância das interações sociais na aprendizagem, promovendo
atividades colaborativas. A arte é vista como um meio vital de expressão e
comunicação humana, refletindo e influenciando contextos históricos e sociais
(Dewey, 1934). A educação estética, fundamental para a educação artística,
desenvolve a sensibilidade e a apreciação das qualidades da arte (Greene,
1995). Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte no Brasil (Brasil, 1997)
incorporam esses princípios, promovendo a expressão pessoal e a criatividade
dos alunos. No entanto, desafios como a formação inadequada dos professores,
falta de recursos e rigidez curricular limitam a implementação eficaz dos
princípios construtivistas. Superar esses obstáculos é crucial para
proporcionar uma educação artística completa, que valorize a individualidade e
promova um aprendizado significativo e colaborativo
Introdução
A educação em artes visuais, fundamentada em
teorias construtivistas, transforma a prática educativa em um processo dinâmico
e significativo. Esta abordagem se baseia nos pressupostos de Jean Piaget e Lev
Vygotsky, que enfatizam a construção ativa do conhecimento por meio de
experiências e interações com o ambiente. No ensino das linguagens artísticas,
essas teorias oferecem uma estrutura robusta para a criação de ambientes de
aprendizagem que incentivam a exploração, a experimentação e a criação colaborativa
e reflexiva.
Os fundamentos da arte e seu ensino estão
profundamente enraizados na compreensão de que a arte é um meio vital de
expressão e comunicação humana. Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo
ocorre em estágios, onde os indivíduos constroem ativamente seu conhecimento a
partir das interações com o ambiente. Este princípio é crucial para o ensino de
artes visuais, pois permite que os alunos tragam suas próprias vivências e
perspectivas para o processo criativo (Piaget, 1972). A arte, assim, não é
apenas uma habilidade técnica a ser dominada, mas um veículo para a expressão
pessoal e a comunicação, que valoriza a experiência individual e a capacidade
criativa de cada estudante.
Desenvolvimento
Vygotsky complementa essa visão ao enfatizar a
importância das interações sociais e culturais no desenvolvimento cognitivo.
Ele argumenta que o aprendizado é um processo social que ocorre em um contexto
de colaboração e troca de ideias (Vygotsky, 1978). No ensino das artes visuais,
isso se traduz na promoção de atividades colaborativas e projetos que envolvem
trabalho em grupo, permitindo que os alunos aprendam uns com os outros e
desenvolvam habilidades sociais e comunicativas essenciais. Através do diálogo
e da cooperação, os alunos são encorajados a refletir sobre suas próprias
criações e as dos outros, promovendo um entendimento mais profundo e crítico da
arte.
Os fundamentos da educação em artes também se
estendem ao reconhecimento da arte como um componente integral da cultura e da
sociedade. A arte reflete e influencia contextos históricos e sociais,
funcionando como um meio pelo qual os indivíduos e as comunidades expressam
suas identidades, valores e experiências coletivas. Segundo Dewey (1934), a
arte é uma forma de experiência que conecta o indivíduo ao seu contexto
cultural e histórico, permitindo uma compreensão mais profunda do mundo ao seu
redor. Este entendimento é essencial para a educação em artes, pois situa o
aprendizado artístico dentro de um quadro mais amplo de significados sociais e
culturais.
A relação entre a educação estética e a educação
artística é outra dimensão crucial. A educação estética envolve o
desenvolvimento da sensibilidade e da apreciação pelas qualidades formais e
expressivas da arte. Greene (1995) sugere que a educação estética é fundamental
para cultivar a imaginação e a capacidade de ver o mundo de novas maneiras,
aspectos essenciais para a educação artística. Através da educação estética, os
alunos não apenas aprendem a criar arte, mas também a apreciá-la criticamente,
desenvolvendo uma compreensão mais rica e matizada das obras de arte e de seus
contextos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de
Arte no Brasil refletem amplamente esses princípios. Eles foram concebidos com
o objetivo de proporcionar um ensino que valorize a expressão pessoal e a
criatividade dos alunos, destacando a importância de desenvolver competências
como pensamento crítico e habilidades de resolução de problemas (Brasil, 1997).
No contexto das artes visuais, isso significa ir além da mera transmissão de
conhecimentos técnicos, promovendo uma formação integral que prepara os alunos
para lidar com diversos desafios.
A implementação dos princípios construtivistas no
ensino das artes visuais tem mostrado resultados positivos em diversos
aspectos. A participação ativa dos alunos no processo de aprendizagem tem
aumentado o engajamento e a motivação. Projetos que permitem a expressão
pessoal e a experimentação resultam em maior interesse e participação nas aulas
de arte. Alunos que se sentem valorizados em suas individualidades tendem a se
engajar mais profundamente no processo de aprendizagem, o que reflete
diretamente na qualidade de suas produções artísticas.
Contudo, a implementação enfrenta desafios
significativos. Um dos principais obstáculos é a formação e capacitação dos
professores. Muitos educadores ainda não possuem a formação adequada para
aplicar práticas construtivistas de forma eficaz. A falta de programas de
desenvolvimento profissional contínuo e específico para a arte é um entrave
significativo. Sem a devida formação, os professores podem ter dificuldades em
adaptar suas práticas pedagógicas para atender às necessidades individuais dos
alunos e promover uma aprendizagem ativa e colaborativa (Freire, 1996).
Outro desafio importante é a falta de recursos
materiais e infraestrutura adequada. A realização de atividades práticas e
colaborativas, essenciais para a abordagem construtivista, muitas vezes é
prejudicada pela falta de materiais, espaço e equipamentos. As disparidades
socioeconômicas entre escolas públicas e privadas resultam em desigualdades na
implementação dos princípios construtivistas. Enquanto algumas escolas possuem
recursos abundantes e apoio institucional, outras lutam para fornecer o básico
necessário para uma educação de qualidade. Políticas públicas que promovam a
equidade e a qualidade da educação para todos são essenciais para superar essas
disparidades.
A rigidez curricular e a pressão por resultados
em avaliações padronizadas também representam obstáculos significativos. A
estrutura tradicional das disciplinas e a organização rígida dos horários
escolares podem limitar a flexibilidade necessária para a abordagem
construtivista. Além disso, a ênfase em testes padronizados e resultados
quantificáveis pode desviar o foco do desenvolvimento de competências e da
aprendizagem ativa. Para superar esses desafios, é crucial promover uma maior
flexibilidade curricular que permita a integração interdisciplinar e a
realização de projetos de longa duração. A advocacia por mudanças nas políticas
educacionais e a promoção de práticas de avaliação que valorizem o processo de
aprendizagem e não apenas os resultados finais são passos fundamentais nessa
direção (Gardner, 1993).
Conclusão
A
reorganização curricular no ensino das artes visuais, fundamentada nas teorias
construtivistas de Jean Piaget e Lev Vygotsky, transforma a educação artística
em um processo dinâmico e significativo. As teorias de Piaget (1972) e Vygotsky
(1978) destacam a construção ativa do conhecimento e a importância das
interações sociais no aprendizado. A arte é reconhecida como um meio vital de
expressão e comunicação, refletindo contextos históricos e sociais (Dewey,
1934). A educação estética, como sugerido por Greene (1995), é crucial para
desenvolver a sensibilidade e a apreciação das qualidades da arte, enriquecendo
a educação artística. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte no Brasil
(1997) incorporam esses princípios, promovendo a criatividade e o pensamento
crítico. No entanto, desafios como a formação inadequada de professores, falta
de recursos e rigidez curricular limitam a implementação eficaz dos princípios
construtivistas. Superar esses obstáculos é essencial para proporcionar uma
educação artística completa, que valorize a individualidade e promova um
aprendizado colaborativo e significativo. Com uma abordagem bem implementada, é
possível preparar os alunos para uma vida de expressão criativa e reflexão
crítica, contribuindo para seu desenvolvimento integral.
Referências:
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