Metodologias
de ensino de arte
Resumo
A reorganização curricular no ensino das artes
visuais, fundamentada no construtivismo, propõe uma abordagem inovadora que
visa transformar a arte educação em um
processo dinâmico e significativo. O construtivismo, baseado nas teorias de
Piaget e Vygotsky, enfatiza a construção ativa do conhecimento através da
interação do aluno com seu ambiente. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) de Arte no Brasil refletem esses princípios, encorajando os alunos a
integrarem suas experiências pessoais no processo criativo. Piaget destaca que
o desenvolvimento cognitivo ocorre quando o indivíduo constrói ativamente seu
conhecimento, essencial para o ensino de artes visuais. Vygotsky contribui ao
promover atividades colaborativas que estimulam a troca de ideias e o trabalho
em grupo. Os PCNs de Arte valorizam a expressão pessoal, o pensamento crítico e
a resolução de problemas. Apesar dos desafios como a formação inadequada de
professores e a falta de recursos, a implementação dos princípios
construtivistas tem demonstrado resultados positivos, aumentando o engajamento
dos alunos. Para superar tais obstáculos, é crucial adotar uma abordagem mais
flexível e avaliações que valorizem o processo de aprendizagem. Em síntese, a
reorganização curricular no ensino das artes visuais sob o construtivismo
promove um aprendizado colaborativo que enriquece a individualidade dos alunos
e prepara para um desenvolvimento integral.
Introdução
A reorganização curricular no ensino das artes
visuais, fundamentada no marco construtivista, representa uma abordagem
inovadora que visa transformar a educação artística em um processo dinâmico e
significativo. O construtivismo, baseado nas teorias de Jean Piaget e Lev
Vygotsky, destaca-se por enfatizar a construção ativa do conhecimento pelos
alunos, através de experiências e interações com o ambiente. Esta perspectiva
teórica propõe um ambiente de aprendizagem onde os alunos são incentivados a
explorar, experimentar e criar de maneira colaborativa e reflexiva, aspectos
que se tornam centrais na estruturação dos currículos de artes visuais.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de
Arte no Brasil refletem amplamente os princípios do construtivismo. Segundo
Piaget, o desenvolvimento cognitivo ocorre em estágios onde o indivíduo
constrói ativamente seu conhecimento a partir das interações com o meio
ambiente. Este princípio é crucial para o ensino de artes visuais, pois
reconhece a importância de permitir que os alunos tragam suas próprias
vivências e perspectivas para o processo criativo. A arte, sob esta
perspectiva, não é apenas uma habilidade técnica a ser dominada, mas um meio de
expressão pessoal e de comunicação, que valoriza a experiência individual e a
capacidade criativa de cada estudante.
Vygotsky, ao enfatizar a importância das
interações sociais e da cultura no desenvolvimento cognitivo, contribui
significativamente para a prática construtivista nas artes visuais. Ele
argumenta que o aprendizado é um processo social que ocorre em um contexto de
colaboração e troca de ideias. No ensino das artes visuais, isso se traduz na
promoção de atividades colaborativas e projetos que envolvem trabalho em grupo,
permitindo que os alunos aprendam uns com os outros e desenvolvam habilidades
sociais e comunicativas essenciais. Através do diálogo e da cooperação, os
alunos são encorajados a refletir sobre suas próprias criações e as dos outros,
promovendo um entendimento mais profundo e crítico da arte.
Os PCNs de Arte foram concebidos com o objetivo
de proporcionar um ensino que valorize a expressão pessoal e a criatividade dos
alunos. Estes documentos orientadores destacam a importância de desenvolver
competências como pensamento crítico e habilidades de resolução de problemas.
No contexto das artes visuais, isso significa ir além da mera transmissão de
conhecimentos técnicos, promovendo uma formação integral que prepara os alunos
para lidar com diversos desafios. Atividades práticas e projetos interdisciplinares
são métodos eficazes para fomentar essas competências. Ao integrar a arte com
outras áreas do conhecimento, os alunos são incentivados a fazer conexões entre
diferentes disciplinas, o que enriquece o processo de aprendizado e promove uma
compreensão mais holística e contextualizada.
Desenvolvimento
A implementação dos princípios construtivistas no
ensino das artes visuais tem mostrado resultados positivos em diversos
aspectos. A participação ativa dos alunos no processo de aprendizagem tem
aumentado o engajamento e a motivação. Projetos que permitem a expressão
pessoal e a experimentação resultam em maior interesse e participação nas aulas
de arte. Alunos que se sentem valorizados em suas individualidades tendem a se
engajar mais profundamente no processo de aprendizagem, o que reflete
diretamente na qualidade de suas produções artísticas. Além disso, atividades
colaborativas e projetos de arte têm ajudado no desenvolvimento de habilidades
socioemocionais, como trabalho em equipe, comunicação e empatia. Este
desenvolvimento é crucial para a formação de indivíduos mais conscientes e
preparados para interagir em sociedade.
Contudo, a implementação dos princípios
construtivistas no ensino das artes visuais enfrenta diversos desafios. Um dos
principais obstáculos é a formação e capacitação dos professores. Muitos
educadores ainda não possuem a formação adequada para aplicar práticas
construtivistas de forma eficaz. A falta de programas de desenvolvimento
profissional contínuo e específico para a arte é um entrave significativo. Sem
a devida formação, os professores podem ter dificuldades em adaptar suas
práticas pedagógicas para atender às necessidades individuais dos alunos e
promover uma aprendizagem ativa e colaborativa.
Outro desafio importante é a falta de recursos
materiais e infraestrutura adequada. A realização de atividades práticas e
colaborativas, essenciais para a abordagem construtivista, muitas vezes é
prejudicada pela falta de materiais, espaço e equipamentos. As disparidades
socioeconômicas entre escolas públicas e privadas resultam em desigualdades na
implementação dos princípios construtivistas. Enquanto algumas escolas possuem
recursos abundantes e apoio institucional, outras lutam para fornecer o básico
necessário para uma educação de qualidade. Políticas públicas que promovam a
equidade e a qualidade da educação para todos são essenciais para superar essas
disparidades.
A rigidez curricular e a pressão por resultados
em avaliações padronizadas também representam obstáculos significativos. A
estrutura tradicional das disciplinas e a organização rígida dos horários
escolares podem limitar a flexibilidade necessária para a abordagem
construtivista. Além disso, a ênfase em testes padronizados e resultados
quantificáveis pode desviar o foco do desenvolvimento de competências e da
aprendizagem ativa. Para superar esses desafios, é crucial promover uma maior
flexibilidade curricular que permita a integração interdisciplinar e a
realização de projetos de longa duração. A advocacia por mudanças nas políticas
educacionais e a promoção de práticas de avaliação que valorizem o processo de
aprendizagem e não apenas os resultados finais são passos fundamentais nessa
direção.
Apesar dos desafios, a experiência construtivista
no ensino das artes visuais tem mostrado resultados positivos. A participação
ativa dos alunos no processo de aprendizagem tem aumentado o engajamento e a
motivação. Projetos que permitem a expressão pessoal e a experimentação
resultam em maior interesse e participação nas aulas de arte. Alunos que se
sentem valorizados em suas individualidades tendem a se engajar mais
profundamente no processo de aprendizagem, o que reflete diretamente na
qualidade de suas produções artísticas.
Em conclusão, a reorganização curricular no
ensino das artes visuais sob o marco construtivista oferece uma abordagem rica
e dinâmica que valoriza a individualidade e promove um aprendizado
significativo e colaborativo. Superar os desafios de formação de professores,
recursos limitados e rigidez curricular é crucial para a implementação eficaz
dos princípios construtivistas. Ao fazer isso, será possível proporcionar uma
educação artística mais rica e completa para todos os alunos, preparando-os não
apenas para o sucesso acadêmico, mas para uma vida de expressão criativa e
reflexão crítica. A valorização da experiência pessoal, o desenvolvimento de
competências, a abordagem interdisciplinar e a aprendizagem ativa e
colaborativa são elementos centrais que, quando bem implementados, podem
contribuir significativamente para o desenvolvimento integral dos alunos.
Conclusão
Em síntese, a adoção do construtivismo no ensino
das artes visuais representa uma evolução fundamental para a educação
artística, promovendo um ambiente de aprendizagem dinâmico e significativo.
Fundamentado nas teorias de Piaget e Vygotsky, o construtivismo enfatiza a
construção ativa do conhecimento por meio da interação dos alunos com o
ambiente, incentivando a exploração, experimentação e criação colaborativa e
reflexiva. Essa abordagem não apenas valoriza a expressão pessoal e a
comunicação através da arte, mas também reconhece a singularidade de cada
estudante como um componente essencial do processo criativo.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte no
Brasil alinham-se com os princípios construtivistas ao promoverem um ensino que
desenvolve competências como o pensamento crítico e habilidades de resolução de
problemas, essenciais para enfrentar os desafios contemporâneos. A integração
de atividades práticas e projetos interdisciplinares enriquece o aprendizado,
permitindo aos alunos fazer conexões entre diferentes áreas do conhecimento.
Embora os benefícios da abordagem construtivista
sejam evidentes, sua implementação enfrenta desafios significativos. A formação
inadequada de professores, a escassez de recursos materiais e a rigidez
curricular são obstáculos que precisam ser superados para garantir uma educação
artística equitativa e de qualidade para todos os alunos.
Superar esses desafios requer políticas
educacionais que promovam maior flexibilidade curricular e práticas de
avaliação que valorizem o processo de aprendizagem. Ao investir na formação
contínua dos educadores e na melhoria das condições estruturais das escolas,
podemos criar um ambiente propício para que os princípios construtivistas na
educação artística floresçam, preparando os alunos não apenas para o sucesso
acadêmico, mas também para uma participação ativa e crítica na sociedade.
Assim, a reorganização curricular sob o marco
construtivista não apenas fortalece a educação artística, mas também capacita
os alunos a se tornarem indivíduos criativos, colaborativos e reflexivos,
essenciais para um mundo cada vez mais complexo e interconectado
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